quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A mensagem do nosso Chefe Vitor


Parque da Paz - 12 de Outubro de 2013


35º Aniversário do AGR 543 da Cova da Piedade
          Aproveitando este momento de festa, não queria deixar de partilhar umas breves palavras convosco, recordando a vida do nosso agrupamento, que é indissociável, de toda uma vida pessoal dedicada a esta instituição, que tive o privilégio de acompanhar nos primeiros meses de vida.
          Aqui aprendi muito, e queria  aprender sempre mais. lutar para sermos melhores, sabendo jogar o Escutismo, sentindo as emoções, as novas experiencias, conhecendo o movimento e a fraternidade escutista.
          Relembro em particular aquele dia de 8 de Outubro de 1978, dia de festa, de promessas, que me marcou de forma definitiva, e que me trouxe ate hoje, para poder partilhar este momento. Os cheiros, o ar quente aconchegante, as pessoas que vieram abrilhantar aquele momento, os meus chefes, a minha querida patrulha Falcão, e todos os restantes elementos. Montada uma pequena feira de animação, no antigo centro paroquial com grande parte do chão em terra, quatro pavilhões do centro paroquial, e a nossa sede na parte de trás da capela do bairro, decorada e dividida em cantos de patrulha dos Juniores, área geral para Lobitos e Séniores, a secretaria e canto do clã, enfim muita coisa, que por mais pequena e insignificante que vos possa parecer,  foi marcante e para mim o rumo de uma vida, o meu caminho a seguir.
         Não posso deixar de recordar e de agradecer aos meus chefes que com eles tanto aprendi, onde fui influenciado pelas suas vivências e personalidades, pois a grande maioria deles já tinham sido escuteiros nas ex-colónias, ou tinham passado por experiências idênticas. Posso afirmar que o nosso agrupamento era seguramente diferente, moldado por essas pessoas que dirigiam os destinos do agrupamento, destacando-nos rapidamente dentro da nossa região de setúbal, em relação aos demais, sempre com um eterno rival em especial nos jogos de primavera e acampamentos regionais. Estas pessoas trouxeram, alem da experiencia escutista, toda a vivencia de uma outra cultura, marcada pelos sabores de alguns cozinhados, o modo desprendido do aspeto material, e indiscutivelmente a musica marcante de toda essa época de convívio fraterno entre todos os irmãos escutas do agrupamento.
     O agrupamento 543 da Cova e Piedade, pioneiro na coeducação, aliado á força de um agrupamento ainda em formação moldaram estes primeiros anos de vida.
     E  foi assim, com a vivencia do escutismo na idade certa para o viver, compreendendo o sistema de patrulhas como o único método organizativo do escutismo, legado deixado pelo nosso fundador BP, e que me levou a olhar para a lei do escuta, aprender e utilizar valores para o meu caminho. Valores como a perseverança, a camaradagem, a coragem, a vigilância e ajuda do irmão mais novo ou aparentemente mais fraco, o cumprimento das ordens e obrigações como metas pessoais, e entre outras destaco uma que para mim é uma das mais importantes, a humildade. A humildade de reconhecer que erramos, a humildade de nos escondermos para não termos protagonismo nas fotografias, a humildade de sabermos o que somos e o que valemos demonstrando com atos sem nos glorificarmos, a humildade do orgulho na nossa farda, a humidade perante os mais fracos, a humildade da nossa presença, a humildade de reconhecermos que existe alguém melhor ou mais capaz que nós, a humildade de reconhecer o valor e a importância deixada por todos os escuteiros que passaram neste agrupamento, e que contribuíram para o seu nascimento e vida, para que as gerações futuras, pudessem usufruir de uma educação orientada pelo exemplo dos mais velhos, para que um dia mais tarde partilharem todas essas experiencias com os mais novos.
      Por tudo o que passei, sei que esta é a melhor forma para contribuir para o crescimento através do bom exemplo, deixar as bases da vida e espirito escutista, construindo a casa pelos alicerces bem firmes, pois só assim podemos algum dia sonhar em fazer em grande de uma forma plena, consciente, humilde e feliz.
      A todos que estão presentes, escuteiros do presente e do passado, deixem que este momento nos una de coração aberto, dando-nos a conhecer uns aos outros, pois essa partilha só nos engradece como escuteiros e como pessoas, pois uma das leis da vida é sermos criados com os nossos pais quando somos novos, e quando  eles são velhos temos sempre o dever de os enaltecer e relembrar que sem eles, nós não existíamos.
       Não posso deixar de referir e de agradecer a todos os escuteiros que com eles ao lado caminhei, e ganhei este espirito escutista,  e dos nossos irmãos que já partiram para o acampamento eterno, estão todos nas minhas memórias e coração, de muitos e muitos momentos, de alegrias tristezas, abraços, lágrimas, suor, amizade, trabalho, e testemunhos de vida que nos fazem seguir o caminho até á felicidade.
    Por favor guardem bem este momento,  saboreiam de coração aberto, pois estamos a escrever história do agrupamento e na vida de cada um de nós.
     Com a ajuda de deus, não posso deixar de partilhar, parte da oração que orientou toda a minha vida: “…  dar-me sem medida , a combater sem cuidar das feridas, a trabalhar sem procurar descanso, a gastar-me sem esperar outra recompensa, senão saber que faço a Vossa vontade Santa…Àmen.”

    Um Grande bem haja a este senhor  AGRUPAMENTO 543, no seu 35º aniversário
      Um Abraço e uma forte canhota
          Deste vosso irmão escuta
               Falcão Noturno                                                          
                       Vitor Mendes
  8 de Outubro de 2013

Um comentário:

  1. Quando estava a ler o texto do Falcão Nocturno, não pude deixar de pensar num aspecto curioso e numa vivência escutista: a partilha de histórias e vivências entre irmãos escutas.
    Recordo vários momentos desses, muitas vezes à volta da fogueira, nos acampamentos; ou nas tardes de Verão na sede, quando o Agrupamento estava de férias mas havia sempre um ou outro de nós que ia para lá, simplesmente para estarmos juntos, e ouvíamos os relatos dos irmãos mais velhos.
    Não posso deixar de pensar, também, no aspecto mais antropológico da tradição oral, enquanto forma de transmissão de cultura e conhecimento que muitos povos, ainda hoje utilizam, perpetuando a sua identidade. Porque, em última análise, é disso que se trata, de Identidade.
    Foram momentos desses que me possibilitaram adquirir conhecimentos sobre as origens do Agrupamento, sobre as pessoas que por lá passaram, sobre a forma como essas pessoas influenciaram o Agrupamento, sobre as actividades passadas, etc.. E esse conhecimento do passado ajuda a compreender o presente e a perspectivar o futuro. No fundo, estes momentos permitem conhecer a história da família e os parentes mais afastados, mesmo aqueles que já partiram para o Eterno Acampamento.
    Foram momentos desses que, não raras vezes, inspiraram ideias para acampamentos, construções, raids, jogos nocturnos, peças de Fogo de Conselho.
    É igualmente curiosa a necessidade que temos de transmitir esse Passado, sobretudo quando o Escutismo assume um papel tão central na nossa vida, desejando que seja para outros tão importante como foi e é para nós. Por isso, creio que entendo o que o Falcão Nocturno quer dizer com “deixem que este momento nos una de coração aberto, dando-nos a conhecer uns aos outros, pois essa partilha só nos engradece como escuteiros e como pessoas”.

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